Reler um livro é sempre uma experiência
interessante, que nos trás uma nova perspectiva sobre a história. Pode ser que
a gente se decepcione ou que passe a amar o livro ainda mais, mas nunca saímos
sem perceber algo novo. E não foi diferente comigo, quando reli Uma chama entre
as cinzas, da Sabaa Tahir.
Eu li esse livro pela primeira vez em 2016
e ele foi o meu favorito daquele ano. Então, fiquei ansiosa quando decidi
reler, com medo de não gostar. Porém, foi uma experiência tão interessante que
eu decidi escrever novamente uma resenha sobre ele.
Digo novamente, porque já tem resenha
sobre Uma chama entre as cinzas aqui, que eu postei lá em 2016. Mas senti
necessidade de falar o que achei da leitura agora, estando alguns anos mais
velha e tendo uma nova perspectiva da leitura. Será que eu gostei da
experiência?
E, já aviso, que esta resenha NÃO tem
spoiler do livro, ok? Podem ler tranquilos.
Autora:
Sabaa Tahir
Editora:
Verus
Tradução:
Jorge Ritter
Páginas:
434
Onde
comprar: Amazon
Sinopse: “ Uma história épica e eletrizante sobre liberdade, coragem e esperança Laia é uma escrava. Elias é um soldado. Nenhum dos dois é livre. No Império Marcial, a resposta para o desacato é a morte. Aqueles que não dão o próprio sangue pelo imperador arriscam perder as pessoas que amam e tudo que lhes é mais caro. É neste mundo brutal que Laia vive com os avós e o irmão mais velho. Eles não desafiam o Império, pois já viram o que acontece com quem se atreve a isso. Mas, quando o irmão de Laia é preso acusado de traição, ela é forçada a tomar uma atitude. Em troca da ajuda de rebeldes que prometem resgatar seu irmão, ela vai arriscar a própria vida para agir como espiã dentro da academia militar do Império. Ali, Laia conhece Elias, o melhor soldado da academia ― e, secretamente, o mais relutante. O que Elias mais quer é se libertar da tirania que vem sendo treinado para aplicar. Logo ele e Laia percebem que a vida de ambos está interligada ― e que suas escolhas podem mudar para sempre o destino do próprio Império.”
Laia é uma erudita. Seu povo foi dominado
pelos marciais e desde então precisam seguir as leis tiranas do Império. Laia
vive com seus avós e seu irmão mais velho em relativa paz. Não ousam desafiar o
Império, porque já viram de perto o que acontece com quem faz isso. Os pais de
Laia eram rebeldes e foram presos, torturados e mortos. Desde então, a família
de Laia se manteve distante dos rebeldes.
Porém, tudo muda com uma batida dos máscaras
– soldados do Império – na casa deles. O irmão mais velho de Laia é preso,
acusado de traição, e se aliar aos rebeldes pode ser a única alternativa dela
para libertá-lo. Mas, para receber ajuda, ela terá que cumprir uma missão para
os rebeldes, se infiltrando como escrava na academia militar o do império.
É lá que o caminho de Laia vai cruzar com
o de Elias, um máscara que está prestes a se formar na academia. Ele é o melhor
soldado da sua turma, mas também o mais relutante. Elias não quer aquela vida e
planeja fugir para bem longe do Império. Mas uma revelação faz com que ele
precise reavaliar todos os seus planos.
Laia e Elias não poderiam ser mais
diferentes, mas seus destinos parecem estar interligados de alguma forma. E as
decisões que eles tomarem, irão afetar não só as suas vidas, mas o futuro do
Império.
Reler Uma chama entre as cinzas foi uma
experiência cheia de emoções. Eu tinha altas expectativas porque, apesar de
lembrar pouco da história, lembrava o quanto tinha amado esse livro. E confesso
que, em alguns momentos, o medo de me decepcionar foi grande.
O início é bem instigante e dá a dimensão
da brutalidade do universo que estava sendo apresentado. Logo nas primeiras
páginas, vemos Laia ter a sua vida virada de cabeça para baixo pela maldade dos
Máscaras, os soldados de elite do Império. E, se isso não fosse suficiente para
demonstrar a crueldade desse mundo, vemos Elias, o melhor soldado de
Blackcliff, planejando sua fuga por não suportar as atrocidades que precisaria
cometer em nome do Império.
Mas, apesar do início de tirar o fôlego, o
livro logo entra em um ritmo mais lento de que eu não me lembrava. Confesso que
em alguns momentos, eu pensei até em abandonar a releitura e já partir logo
para o segundo livro. Mas, ainda bem que não fiz isso, porque pude recordar
muitos detalhes da trama e perceber como a Sabaa Tahir foi inteligente ao
construir essa história. Acreditem, até mesmo os momentos que pareceram mais irrelevantes,
demonstraram ser importantes depois.
Além disso, foi incrível me encantar
novamente com esses personagens. Laia é uma personagem que me cativou
rapidamente por toda a situação que enfrentou e pela coragem que demonstra. Ela
está consumida pela culpa de ter abandonado o irmão e, muitas vezes, não percebe
sua própria força. Mas, mesmo que ela se julgue uma covarde pelos momentos que
demonstra medo, é impossível não ver a força em uma menina que enfrenta a crueldade
da comandante, os ataques dos máscaras e todas as ameaças que seu povo sofre dentro
do Império, e segue determinada a arriscar a vida para salvar o irmão. Se isso
não é coragem, não sei mais o que é.
Já o Elias é dono do meu coração todinho.
Novamente me encantei por ver a integridade e o senso de justiça dele. Ao invés
de se deixar corromper pelo “poder” de ser um máscara, ele se sente cada vez
mais oprimido pelas coisas que precisa fazer e pelas barbaridades que ocorrem
com quem ousa desafiar o Império. Ele comete erros, faz algumas escolhas ruins,
mas é impossível não admirar a generosidade dele e como preservou sua bondade,
mesmo em um mundo tão cruel.
Tem também outros personagens que se
destacam ao longo do livro e vão influenciando a trajetória da Laia e do Elias.
A que mais se destaca é Helene, melhor amiga do Elias e personagem que mais me
irritou durante o livro, mas que tem papel fundamental na trama e ganhará mais
protagonismo nos próximos. Há ainda alguns bem misteriosos e que escondem segredos
fundamentais para a história, como a cozinheira de Blackcliff, o ferreiro Spiro
Teluman, o adivinho Cain e o líder rebelde, Mazen; e personagens carismáticos,
como a escrava Izzy. Mas claro que um bom livro precisa de bons vilões e nesse
temos a cruel Comandante de Blackcliff, o desprezível colega do Elias, Marcus,
e um outro vilão que é apresentado e promete causar muitos problemas ao longo
da série.
Com relação ao universo criado por Sabaa
Tahir, sua estrutura tem fortes inspirações no Império Romano, mas há também
elementos da mitologia árabe que o tornam ainda mais fascinante. É um mundo muito
brutal, baseado na força e na opressão, mas a autora aproveita isso para trazer
reflexões e passar uma mensagem de esperança. É um livro que fala sobre
tiraria, crueldade, sofrimento, mas também sobre resistência, fé, amizade e a crença
de que o mundo pode ser melhor.
O ritmo da trama é lento por boa parte do
livro, mas são momentos importantes para conhecermos os personagens e
começarmos a entender aquele universo e o que está em jogo na história. Além
disso, a Sabaa tem uma escrita envolvente e sabe exatamente o momento exato de
trazer as revelações. Aliás, quando chega a hora das reviravoltas, o ritmo ganha
um ritmo alucinante e fica impossível largar.
Não posso deixar de mencionar também que é
uma série com muita representatividade. Sabaa fez questão de escrever uma história
em que todos pudessem se ver e, por isso, temos muitos personagens não brancos.
Inclusive, as capas da série ganharam uma nova identidade nos EUA, para
evidenciar esta representatividade. A Verus Editora vai seguir essa mudança e o
terceiro livro já será lançado seguindo a nova identidade, mas o primeiro e o
segundo serão relançados com as novas capas (vocês podem conferir no final do
post).
Quando li Uma chama entre as cinzas pela primeira vez, não esperava me encantar tanto. Agora que reli, me surpreendi ao encontrar ainda mais motivos para me encantar com essa série. O ritmo é mesmo mais lento do que eu me lembrava, mas os personagens são mais complexos também e o universo muito mais rico e fascinante. É um livro com uma brutalidade que eu vi poucas vezes, mas que mostra que, mesmo nos momentos mais cruéis, é possível encontrar esperança e uma razão para lutar.
E vocês, já conheciam essa série? Me
contem aí nos comentários se já leram ou querem ler. E, para quem quiser
conferir, o primeiro está disponível no Kindle Unlimited. Se você não assina
ainda, pode experimentar por 30 dias grátis nesse link.
Conheça
as novas capas da série Uma chama entre as cinzas:
Nossa, reler uma história que a gente gosta muito é bem estranho, como você mesma disse. A gente acaba vendo outras coisas e com a nossa carga de hoje em dia, a gente vê tudo de um outro jeito.
ResponderExcluirEu tenho esse livro no kindle e quero muito ler, ainda mais sabendo que o terceiro volume tá vindo ai e já quero comprar todos, haja diheiro HAHAHAHAHAHAHA
Adorei saber das suas impressões, acho que ainda assim, me deu uma animada pra ler, espero que eu goste!
Oi, Bianca! Tudo bem?
ExcluirPois é, reler um livro que a gente gosta muito acaba gerando uma expectativa grande né? Mas foi uma experiência bem legal. Espero que você leia e também se apaixone por essa série.
Beijos!
Oi, tudo bem? Nossa, como assim eu não sabia da existência dessa trilogia? Fiquei bem interessada, especialmente por causa das capas (diz a louca das capas rs). Realmente, fazer uma releitura é meio assustador, porque a gente nunca sabe se vai se encantar como da primeira vez. Eu tô fazendo muitas releituras neste ano e tem sido bem interessante reconsiderar coisas. Vou atrás do livro, com certeza! Amei a dica, muito obrigada! <3
ResponderExcluirLove, Nina.
www.ninaeuma.blogspot.com
Olá, tudo bem? Eu tive minha primeira experiência de leitura por agora porque pensei que a editora tinha abandonado a série, mas ainda bem que não. E que livro! Concordo que o meio da leitura é lento, não só nesse como no segundo e terceiro volumes também, porém acredito que ainda vale a pena como um todo porque é eletrizante. Não me sentia tão contente em conhecer uma fantasia assim desde que li Six of Crows hahaha Amei o que disse sobre, e a sua nova perspectiva com a história. Espero que possa gostar do segundo!
ResponderExcluirBeijos
Oii!
ResponderExcluirMalu, eu AMO reler livros depois de anos, tem uma série da Meg que eu já li umas 4 vezes e é sempre uma experiencia diferente. Gostei muito de ler sua experiencia por aqui e fiquei feliz em saber que não foi decepcionante, espero que continue assim!
Beijinhos,
Ani
www.entrechocolatesemusicas.com.br
Releituras são sempre maravilhosas, né? Confesso que eu sinto saudade de reler alguns livros, mas, ao mesmo tempo, tenho medo de não ter a mesma sensação. Fico feliz que o livro te proporcionou algo incrível assim como na primeira vez. Ainda não tive a chance de ler essa série, mas confesso que pelos seus pontos apresentados, com certeza me deixou curiosa! E sobre as capas... achei bonitas as novas, mas ainda gosto das antigas hahaha.
ResponderExcluirOi Malu!
ResponderExcluirJá tinha ouvido falar dessa série mas é a primeira resenha que leio sobre ele. Não tinha noção do que se tratava então comecei a ler sua resenha e me encantei com esse enredo. Tive um deslumbre do que esperar então pode ter certeza lerei esses livros.
O que me encanta em cada releitura de livro é as descobertas que fazemos e cada significado diferente que achamos.
Parabéns pela resenha estou curiosa por saber mais de Laia e Elias e em como seus caminhos irão se cruzar, obrigado pela dica, bjs!
Muita gente falando dessa série e deste livro em especial e eu ainda não consegui me sentir muito atraída por ele, acho que é porque não sou da fantasia, mas acho as capas originais mais bonitas.
ResponderExcluirBeijos
Não fazia ideia que esse livro existia, mas gostei de conhecer. E quando vou fazer uma releitura também fico com esse receio, sem saber que vou adorar ou vou passar a odiar o livro. E muito legal essa ideia de fazer uma segubda resenha da obra, só que agora tendo em vista o modo como você enxerga as coisas hoje em dia. Curti!
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