Este
ano foi marcado por muitas leituras legais, porém, entre as que eu mais gostei
estão algumas releituras. Estou me referindo, claro, ao meu projeto de reler
toda a série Harry Potter ao longo de 2016. Infelizmente, não consegui publicar
as resenhas de todos até novembro, como eu havia planejado. No entanto, eu reli
todos os livros da série e não poderia deixar o ano terminar sem falar sobre os
dois últimos volumes, mesmo que resumidamente.
Então,
no último dia do ano, vou falar um pouco sobre a experiência de reler Harry Potter e o Enigma do Príncipe e Harry Potter e as Relíquias da Morte.
Para mim, é nesses dois livros que ficam mais evidenciados o amadurecimento de
J. K. Rowling como escritora e o quão rico é o universo criado por ela.
Em
Harry Potter e o Enigma do Príncipe,
o tom da série se torna ainda mais sombrio. Começamos a ter uma noção mais
exata do poder de Voldemort e da capacidade que ele e os seus Comensais da
Morte têm de espalhar o medo e o caos. Paralelamente a isso, descobrimos mais
sobre o passado dele, entendendo melhor sua história antes de se tornar o
temido Lorde das Trevas. Confesso que acho as partes que reconstituem a vida do
jovem Tom Riddle um tanto cansativas, no entanto, sua importância para a série
é enorme.
Além
disso, J. K. Rowling mais uma vez consegue dosar os momentos sombrios e mais
cansativos, com pequenas tramas que ajudam a tornar a trama mais leve, trazendo
alívio cômico e deixando a história mais dinâmica. Em especial, os
relacionamentos amorosos ganham um pouco mais de espaço, sem tirar o foco
principal do livro.
Além
disso, gosto de ver a aproximação de Harry e do Prof. Dumbledore. É muito bom
poder ver mais desse bruxo tão sábio e perceber o quanto ele se importa com
Harry. O vínculo que se forma entre os dois é bonito, por demonstrar uma
afeição genuína e muita lealdade.
O
final é ao mesmo tempo triste esperançoso, deixando a expectativa para a
continuação. Aliás, uma das coisas mais interessantes que senti ao reler esse
livro foi perceber que, mesmo já sabendo tudo que aconteceria, ainda me
emocionei com a história tanto quanto da primeira vez que li e ainda fiquei com
expectativa pelo que aconteceria no último volume da série.
E
o que falar sobre Harry Potter e as
Relíquias da Morte? Apesar de Harry
Potter e o Prisioneiro de Azkaban ser o meu preferido, o sétimo livro da
série se aproxima muito. Além disso, é nele que fica evidente todo o talento de
J. K. Rowling e sua enorme capacidade de amarrar a história.
Havia
tantas pontas soltas ao final de Enigma
do Príncipe que, sinceramente, achei que a autora não seria capaz de resolver
tudo em um único livro. No entanto, ligou todos os pontos da história,
resgatando pontos que eu sequer recordava de outros livros da série, incluindo
dos primeiros. Foi tudo tão coeso e bem escrito, que é impossível não
reverenciar a habilidade de Rowling. Aliás, foi maravilhoso reler este livro e
poder perceber alguns detalhes com mais clareza.
Muitas
coisas acontecem em Relíquias da Morte
e o clima é de urgência do começo ao fim. Vemos Harry se despedindo da casa dos
Dursley e partindo para o desconhecido que é a vida adulta. Ele agora iria para
um destino incerto, tentando cumprir a missão confiada a ele por Dumbledore e destruir
as horcruxes de Voldemort, para que finalmente pudesse ocorrer o esperado
confronto entre os dois.
O
caminho percorrido por Harry, junto com Rony e Hermione é longo e, algumas
vezes, cansativo. Mas ao longo de toda a jornada, começamos e descobrir
importantes informações que são cruciais para o desfecho da série.
Outro
fato importante é o quanto os personagens ganham em complexidade neste livro.
Todos se deparam com decisões difíceis ao longo da trama e suas escolhas
revelam muito sobre eles. No entanto, o personagem mais marcante é, sem dúvida,
Severo Snape. Não apenas pelos acontecimentos de Relíquias da Morte, mas,
principalmente, pelas informações que são reveladas sobre o seu passado, considero
Snape o personagem mais humano da série e, por isso mesmo, o mais interessante
e complexo.
Claro
que com a épica batalha entre bem e mal, muitos personagens morrem ao longo da
trama. Por mais dolorosas que algumas delas sejam, J. K. Rowling soube dar a
devida emoção em cada uma delas e nos fazer compreender o destino deles (mesmo
eu não aceitando algumas até hoje). Aliás, preciso confessar que chorei mais de
uma vez ao longo do livro, não só na primeira vez que li lá em 2007, mas em
todas as releituras.
O
desfecho da história foi exatamente o encerramento que a série merecia, mesmo
que deixe os leitores com a sensação de que queriam mais. Ao terminar a
releitura esse ano, senti mais uma vez a emoção pela conclusão e a nostalgia de
pensar em tudo que vivi ao longo destes sete livros. Harry Potter marcou a
minha vida e foi muito bom ver que os sentimentos que esta série me despertou
há tantos anos continuam ali, dando a sensação de voltar para casa.
Assim,
deste projeto ficou a certeza que a mesma magia que me encantou quando eu tinha
11 anos, me espera a cada vez que abrir esses livros novamente.