Autora:
Sabaa Tahir
Editora:
Verus
Páginas:
432
Sinopse: Laia é uma escrava. Elias é um soldado. Nenhum dos dois é
livre. No Império Marcial, a resposta para o desacato é a morte. Aqueles que
não dão o próprio sangue pelo imperador arriscam perder as pessoas que amam e
tudo que lhes é mais caro. É neste mundo brutal que Laia vive com os avós e o
irmão mais velho. Eles não desafiam o Império, pois já viram o que acontece com
quem se atreve a isso. Mas, quando o irmão de Laia é preso acusado de traição,
ela é forçada a tomar uma atitude. Em troca da ajuda de rebeldes que prometem
resgatar seu irmão, ela vai arriscar a própria vida para agir como espiã dentro
da academia militar do Império. Ali, Laia conhece Elias, o melhor soldado da
academia — e, secretamente, o mais relutante. O que Elias mais quer é se
libertar da tirania que vem sendo treinado para aplicar. Logo ele e Laia
percebem que a vida de ambos está interligada — e que suas escolhas podem mudar
para sempre o destino do próprio Império.
Ao ler a sinopse de Uma chama entre as cinzas, muitas pessoas podem pensar que se trata
de mais uma entre as inúmeras fantasias e distopias publicadas depois de Jogos Vorazes. Um governo totalitário,
um povo oprimido e explorado, um grupo de rebeldes e protagonistas fortes...
todos os elementos estão aí. Ainda assim, não posso dizer que esta seja apenas
mais uma entre tantas histórias do gênero. Apesar de possuir elementos
semelhantes, a autora conseguiu trabalhá-los de modo a criar uma trama
original, envolvente e surpreendente.
O universo criado por Sabaa Tahir é, ao
mesmo tempo, fantástico e cruel. O Império Marcial conseguiu, séculos antes,
dominar os Eruditos, impedindo que seu conhecimento fosse disseminado. A
violência e a opressão são as marcas desta sociedade; qualquer desobediência ou
tentativa de se opor ao Império era punida com a morte. No entanto, em meio a
tanto brutalidade, ainda há espaço para a magia e o sobrenatural, conferindo um
certo mistério à trama.
Outro aspecto interessante é o fato da
história ser contada pela perspectiva de dois narradores pertencentes a grupos
diferentes dentro daquela sociedade, o que enrique ainda mais a visão que o
leitor tem daquele universo. Através de Laia, entendemos melhor como era a vida
dos eruditos e dos escravos e como o Império exercia seu domínio sobre eles.
Já pela visão de Elias, é possível acompanhar a vida dos marciais, percebendo
que eles não eram mais livres do que os eruditos. Assim, essas duas
perspectivas contribuíram para tornar o universo retratado muito mais rico e
complexo.
“Certo. Livres para nos apresentar ao
trabalho como servos plenos do Império, após o que lideraremos homens para
morrer nas intermináveis guerras de fronteira com Selvagens e Bárbaros. (...) Nós
seremos livres, certamente. Livres para saudar o imperador. Livres para
estuprar e matar.
Engraçado como isso não me parece
liberdade.”
Com relação aos personagens, Laia e
Elias foram o principal motivo de eu ter gostado tanto deste livro. Os dois são
protagonistas que estão longe de serem perfeitos. Laia não é uma heroína altruísta
e corajosa, disposta a se sacrificar por uma causa, assim como Elias não é o
mocinho valente que procura fazer sempre o que é certo e proteger a mocinha. Os dois
têm falhas, cometem erros, são egoístas em alguns momentos, além de terem medos
e inseguranças. Isso, ao invés de ser um problema, se tornou uma grande virtude do
livro. As fraquezas e defeitos de Laia e Elias fizeram com que eles se tornassem
mais humanos e, consequentemente, mais complexos e interessantes. São
personagens muito bem construídos, que evoluem ao longo da trama, conquistando
a empatia e a admiração do leitor.
A história é extremamente envolvente
também. A medida que os personagens e o universo foram apresentados, fui passando
a me importar cada vez mais com o que iria acontecer a seguir. A trama é cheia
de conspirações, criaturas sobrenaturais, surpresas e ação, conseguindo prender
a atenção e envolver o leitor.
Fiquei realmente fascinada por este
livro. Apesar da brutalidade do universo retratado, Sabaa Tahir demonstrou
sensibilidade na construção dos personagens e da história. Ela elaborou uma trama
envolvente e complexa, que me proporcionou vários questionamentos e quebras de
estereótipos. Assim, recomendo muito Uma chama
entre as cinzas para quem quer ler uma história forte, que vai além de uma
boa fantasia, despertando questionamentos e reflexões.
Olha aí, eu me apaixonei por essa capa quando vi. Mas li e senti uma vibe Jogos Vorazes como você disse, e já estou saturada disso. Até porque fui ler uma dessas distopias "baseadas" em JV e foi terrível. Mas sua resenha me deixou muito curiosa, principalmente quando falou sobre os personagens serem mais humanos e de ser narrado por dois pontos de vista. Gostei muito mesmo. Não curto muito o lado fantasia/sobrenatural, mas parece válido tentar. É livro único??
ResponderExcluirourbravenewblog.weebly.com
Oi Carol, confesso que também já estou um pouco cansada dessas distopias. Mas, os personagens me cativaram muito e gostei do jeito que a história foi desenvolvida. Essa parte de fantasia não é muitooo explorada, mas é interessante e ajuda na condução da história. Não é livro único, a continuação vai ser publicada nos EUA no final de agosto. Infelizmente, não sei quando chega no Brasil (espero que logo, hehe). Fico feliz que tenha gostado da resenha e tenha se interessado pelo livro. Se você resolver ler, depois comenta aqui o que achou. Beijos!!
Excluir