Autora:
Carina Rissi
Editora:
Verus
Perdida –
364 páginas / Encontrada – 476 páginas
A
resenha de hoje é dupla, vou falar sobre os livros Perdida: Um amor que
ultrapassa as barreiras do tempo e Encontrada: A procura do felizes para
sempre, ambos da escritora brasileira Carina Rissi. Os dois estavam na minha
meta de leitura para esse ano e, de modo geral, não me decepcionaram.
O
primeiro livro da série é Perdida, e traz a história de Sofia, uma típica
jovem do século XXI, independente, acostumada com as facilidades da vida
moderna e completamente apaixonada por tecnologia. Tudo muda na vida dela
quando compra um celular novo e, misteriosamente, vai parar no século XIX.
Enquanto tenta entender o que aconteceu e como foi parar em outra época, Sofia
conhece o jovem Ian Clarke, que a acolhe e passa a ajudá-la.
A
princípio, tudo que Sofia mais quer é descobrir um modo de voltar para o século
XXI, com sua tecnologia e modernidade. No entanto, com o tempo Sofia começa a
se importar com as pessoas que conhece naquele tempo, em especial Ian e sua
irmã Elisa. A partir daí, ela começa a ficar dividida entre a vontade de
retornar para a sua vida normal e o medo de deixar aquelas pessoas para trás.
A
trama é bem leve e gostosa de ler, prendendo a atenção do leitor do começo ao
fim. Além disso, Carina Rissi conseguiu dosar muito bem o romance e o humor da
história, sem exagerar em nenhum dos dois.
No
entanto, o fato da narrativa ser em primeira pessoa me desagradou um pouco. Já
falei algumas vezes em resenhas aqui que, em geral, tenho dificuldade em gostar
de narrador personagem, por achar que isso empobrece a construção dos demais
personagens. Infelizmente, esse foi o caso de Perdida e de Encontrada.
Com
relação aos personagens, a protagonista foi um problema para mim. Sofia é uma
personagem engraçada, com uma enorme capacidade de se envolver em confusões,
mas em vários momentos é também irritante e um pouco forçada. Embora fosse de
se esperar que ela tivesse problemas para se adaptar à vida no século XIX, essa
dificuldade ficou exagerada e pouco natural, principalmente no que se refere ao
vocabulário. Acho difícil acreditar que uma mulher de 25 anos, que estudou e
que gosta tanto de ler, especialmente uma que já tenha lido tantos clássicos,
tenha um vocabulário tão pobre e só consiga se comunicar através de gírias.
Assim, tive dificuldade para me afeiçoar a personagem por achá-la muito
caricata.
O
Ian, por outro lado, é o personagem que segura a história. Ele é gentil,
generoso e inteligente, além de muito romântico. Apesar das diferenças de
personalidade, Ian se esforça para entender os modos de Sofia e a aceita como
ela é. Além disso, é um personagem forte e íntegro, que amadurece ao longo da
história. Se tem um motivo para eu ter torcido pelo casal, é o fato de que Ian merece
um final feliz.
Elisa,
irmã do Ian, também é uma personagem cativante. Meiga, ingênua e muito gentil,
ela recebe Sofia com todo carinho, sem se importar com o comportamento
estranho dela. Já os demais personagens da história, são divertidos e
proporcionam bons momentos, especialmente a governanta Madalena e o mordomo
Gomes, mas nenhum é desenvolvido o suficiente para torná-los marcantes.
Não
tinha uma expectativa muito alta para o segundo livro por ter achado o final de
Perdida adequado e considerar que não cabia uma continuação. No entanto, em
Encontrada, apesar de ter mantido alguns dos problemas que apontei anteriormente,
senti uma evolução na história e acabei me surpreendendo positivamente. Carina
Rissi desenvolve melhor os conflitos entre os personagens e até mesmo as
atitudes impulsivas de Sofia são mais compreensíveis.
Assim,
mesmo tendo algumas ressalvas, gostei da história simples e divertida. As
situações em que Sofia se envolve são hilárias, e o romance entre ela e Ian é
bem construído. Aliás, impossível chegar ao final desses livros sem se
apaixonar por ele. Recomendo a leitura para quem procura um romance diferente e
leve, com uma dose adequada de comédia.
Observação: A série ainda conta
com um terceiro livro, Destinado: As memórias secretas do sr. Clarke. Ainda não
tive oportunidade de ler, mas fiquei bastante curiosa por se tratar de uma nova
história, desta vez contada pela perspectiva de Ian.