Hoje
vou falar sobre A Escolhida, de Lois Lowry. Apesar de ser a continuação de O
Doador de Memórias, sobre o qual já tinha feito resenha (aqui), este livro traz
personagens diferentes e, até mesmo o universo em que a história se passa é
bastante diferente.
A
protagonista desta vez é Kira, uma menina de 12 anos que, ao ficar órfã, se vê
completamente sozinha diante de um futuro incerto. Em uma sociedade em que os
mais fracos são descartados, Kira acreditava que seria banida por ter uma
deficiência na perna. No entanto, para sua surpresa os membros do Conselho
optam por mantê-la ali, destinando a ela uma importante tarefa. Caberá a ela
restaurar a túnica do que cantor que conta toda a história da humanidade, e
bordar o que será o futuro.
A
princípio, Kira fica feliz por sua nova vida. Ela passa a viver em um lugar
confortável, desenvolve suas habilidades com as linhas e os teares e, ainda,
faz um novo amigo, Thomas, o entalhador responsável por restaurar o cajado do
cantor. No entanto, com o tempo, eles começam a desconfiar que algo está errado
e que há mais escondido por trás da missão que eles receberam.
Eu
gostei muito dos personagens dessa história. Kira é uma protagonista realmente
forte e digna, que se esforça para vencer as dificuldades da vida e se mostra
corajosa em todos os desafios. Thomas também é um personagem muito interessante.
Ele é inteligente, corajoso e generoso, disposto a ajudar Kira em sua nova vida
desde o momento em que se conhecem. Além disso, ele parece ser muito maduro
para sua idade, tendo crescido praticamente sem companhia e com uma grande
responsabilidade. Por fim, destaco o Matt um menininho de seis anos, amigo de Kira,
que é o personagem mais cativante do livro. Esperto e brincalhão, como qualquer
criança dessa idade, Matt vai se mostrando um personagem fundamental ao longo
da história.
Apesar
de ter gostado muito dos personagens, achei a trama aqui muito mais superficial
do que O Doador de Memórias. Um aspecto que gostei naquele livro foi justamente
as reflexões que a história despertou. O universo ali aparentava ser simples,
mas, à medida que a trama vai se desenvolvendo, ele se torna muito mais
complexo e interessante. Já em A Escolhida fiquei com a sensação de que faltou
desenvolver melhor alguns elementos da história, que acabou ficando
rasa.
De
um modo geral, é uma leitura gostosa e muito rápida, até pelo tamanho do livro.
No entanto, achei muito superficial, se comparado com seu antecessor. Como a
série ainda tem mais dois livros, acredito que muitos elementos podem ser mais
desenvolvidos e explicados. Ainda assim, não consigo deixar de sentir uma
pontada de decepção com A Escolhida, que só não foi maior por ter gostado muito
dos personagens apresentados.