Autor:
John Green
Editora:
Intrínseca
Páginas:
302
Quando se trata de garotas (e, no caso de Colin, quase
sempre se tratava), todo mundo tem seu tipo. O de Colin Singleton não é físico,
mas linguístico: ele gosta de Katherines. E não de Katies, nem Kats, nem
Kitties, nem Cathys, nem Rynns, nem Trinas, nem Kates, nem – Deus o livre –
Catherines. K-A-T-H-E-R-I-N-E. Já teve dezenove namoradas. Todas chamadas
Katherine. E todas elas – cada uma, individualmente falando – terminaram com
ele.
O
Teorema Katherine é o quarto livro do escritor americano John Green que eu leio¹,
e, mais uma vez, o autor trouxe uma história que conseguiu me envolver. Com uma
trama leve, que inicialmente parece ser simplista demais, o autor vai
desenvolvendo seus personagens aos poucos, tornando-os mais complexos e
interessantes a medida que o leitor pode conhece-los melhor e compreender suas
ações.
A
história começa no dia seguinte à formatura de ensino médio do protagonista
Colin Singleton. Sua décima nona namorada havia terminado com ele no dia
anterior e Colin não estava lidando bem com o rompimento. É então que Hassan, seu
melhor, e único, amigo, sugere que eles saiam para uma viagem de carro, sem
rumo, apenas com o objetivo de ajudá-lo a superar o término com sua décima nona
Katherine.
Além
de seu problema com as Katherines, que sempre terminavam com ele, Colin ainda
sofria por não ter conseguido alcançar a genialidade ainda. Ele sempre foi um
menino prodígio, uma criança com uma incrível facilidade para aprender, mas nunca
tinha conseguido se tornar um gênio. Para alcançar isso, era preciso criar ou
descobrir algo importante.
Durante
a viagem, Colin e Hassam vão parar em Gutshot, uma pequena cidade no estado de
Tenessee, onde conhecem a jovem Lindsey Lee Wells e sua mãe, Holly. Lá, Colin
finalmente tem o seu “momento eureca”: ele decide desenvolver uma fórmula,
baseado em suas experiências anteriores, que pudesse prever o fim de qualquer
relacionamento e quem terminaria com quem. A essa descoberta, ele deu o nome de
Teorema Katherine.
Uma
das coisas que mais gostei nesse livro é que o autor realmente desenvolveu uma
fórmula matemática que se aplicasse a história. Para isso, John Green contou
com o auxílio do seu amigo matemático, Daniel Biss. Achei interessante como o
autor usa a matemática para contar a história, mas fazendo isso de uma maneira
simples e divertida, que permite ao leitor acompanhar o raciocínio envolvido
sem dificuldade.
Os
personagens também são interessantes. A princípio, achei que seriam um pouco
superficiais, mas com o desenvolvimento da trama, eles se tornam mais
interessantes. Colin me irritou um pouco no começo com a sua necessidade de se
tornar um gênio, bem como sua obsessão com a Katherine XIX. No entanto, a
medida que percebemos como foi a infância de Colin como um menino prodígio, bem
como sua dificuldade em socializar com outras pessoas da sua idade.
Hassam
e Lindsey são os personagens mais divertidos do livro. Ela é uma personagem
inteligente e divertida, que surpreende tanto pela sua sensibilidade para
entender as pessoas quanto pela sua personalidade forte. Já o Hassam é
responsável por contrabalançar a melancolia de Colin, proporcionando diversos
momentos engraçados. Além disso, é admirável sua lealdade ao amigo e o modo
como, apesar de seu jeito leve e despreocupado, ele está sempre pronto para ajudá-lo,
até mesmo deixando seus próprios problemas de lado.
Outro
destaque para o livro é o humor irônico adotado por John Green ao longo da
trama, em especial nas diversas notas de rodapé. Além de serem inseridas de
maneira natural na história, o que faz com que não atrapalhem o seu ritmo,
essas notas são engraçadas e sarcásticas, ajudando a deixar o livro mais
divertido.
Em
resumo, O Teorema Katherine é um livro ideal para quem procura uma leitura leve,
mas também envolvente e bem construída. Ao final, o leitor vai se deparar com
reflexões interessantes, mas que foram desenvolvidas de uma maneira divertida e,
em alguns momentos, surpreendente.
“Eu serei esquecido, mas as histórias ficarão. Então, nós todos somos importantes – talvez menos do que muito, mas sempre mais do que nada.” (John Green)
¹ Os outros foram: A
Culpa é das Estrelas, Quem é você, Alasca?, e Cidades de Papel.